A rotina de um astronauta não inclui apenas pesquisas científicas e concerto da espaçonave (ou da estação espacial internacional), exercícios são parte integrante (e uma das principais ações dos homens e mulheres no espaço). Por isso o processo de seleção desses corajosos profissionais inclui além de testes cognitivos e de conhecimentos específicos (cada um em sua área), testes de resistência e de condicionamento físico.
A ideia de estar no espaço é interessante e fascinante, mas, uma vez lá, algumas precauções devem ser tomadas, e a prática de exercício físico é uma delas, os astronautas chegam a praticar exercícios durante 1/4 de seus dias ( 4 horas a cada 16 acordados). Todas as pessoas praticam exercício por algum motivo, como tonificar músculos ou diminuir o estresse (já abordado em outro post), mas os homens do espaço precisam se exercitar por motivos diferentes, estando sem a gravidade (ou com efeitos mínimos dela- a chamada microgravidade), as reações do metabolismo são bem diferentes, e a tendência a se perder massa óssea e atrofiar os músculos é bem grande.
Com a ausência do peso, durante certo tempo, os cosmonautas tem um decréscimo significativo na densidade mineral óssea (DMO). A perda de densidade no pescoço, coluna e pélvis é de cerca de 1,0% a 1,6% mensais, enquanto a perna e os ossos corticais sofrem perdas que giram em torno de 0,3% a 0,4% ao mês. Em um adulto na Terra, que apresenta saúde perfeita, a perda é 3% em uma década. Com essa perda, os ossos ficam enfraquecidos e mais suscetíveis a lesões (como fraturas) quando retornarem à Terra. Mesmo depois de vários anos, a DMO apresentada antes do lançamento não é recuperada.
Ocorre também perda de massa muscular, estudos na NASA, com membros da estação espacial internacional (ISS), provou a perda de cerca de 15% de massa muscular e de 20% a 30% da potência muscular em uma estadia de seis meses de pesquisa. Uma rápida comparação do astronauta em sua ida e em sua volta é equivalente à de uma pessoa de 20 anos com uma de 80. A perda muscular pode ser recuperada ao voltar à terra, mas, como já dito, a perda óssea é bem mais complexa.
Há algumas hipóteses para esta perda óssea, uma delas afirma que o decréscimo ocorre pelo mesmo motivo que pacientes acamados perdem massa óssea: o esqueleto fica sem carregar peso; eles passam por um período chamado descarga esquelética, em que os ossos não são capazes de produzir novas células (osteoblastos) e substituir as antigas (osteócitos). O movimento de minerais essenciais como o cálcio e o fósforo também é prejudicado.
Não há consenso entre especialistas se é realmente este o efeito da microgravidade nos ossos. O Dr. Roger K. Long, um dos integrantes de uma equipe de uma pesquisa realizada para o Instituto Nacional de Pesquisa Biomédica Espacial (NSBRI, sigla em inglês), busca uma resposta mais exata. Juntamente com o Dr. Daniel B. Bikle (seu mentor), eles acreditam que existem 3 substâncias que influenciam a perda óssea no espaço:
- Fator de crescimento relacionado à insulina (IGF-1), substância química produzida nos ossos, que influencia no crescimento de ossos e cartilagens;
- Receptor de IGF-1, encontrado dentro de células ósseas e possibilita a reação delas com o IGF-1;
- Integrina beta 3, proteína que auxilia a função do receptor de IGF-1.
Os estudos levam a crer que na "ausência de peso", o corpo produz menos integrina beta 3, o que dificulta o receptor de IGF-1 retransmitir qualquer sinal do IGF-1 para as células do osso, dizendo o que elas devem fazer. Com menos integrina beta 3, há, então, aumento na perda óssea.
Diversos problemas, então, aparecem, com a perda óssea, o nível de cálcio sanguíneo aumenta, podendo causar problemas nos rins; sem tanta demanda para bombear o sangue, o coração também enfraquece e diminui.
Outra curiosidade que ocorre é a "Síndrome de Adaptação Espacial", que é definida pelos astronautas como um termo fresco de se dizer vomitar. Que ocorre devido à perda de capacidade de sensores de pressão no corpo e da confusão que ocorre nos vestíbulos cocleares, perdendo-se o equilíbrio.
A ISS possui desde novembro de 2008 uma academia projetada pela NASA especialmente para os astronautas, para evitar maiores danos. Existem, fundamentalmente, três aparelhos que os astronautas usam lá, e durante voos no espaço:
- Esteira com sistema de isolamento de vibração (TVIS, sigla em inglês);
- Cicloergômetro com sistema de isolamento de vibração (CEVIS, sigla em inglês), que é basicamente uma bicicleta;
- Aparelho de exercício resistivo (RED, sigla em inglês), um aparelho de levantamento de peso que simula a gravidade.
Mesmo com todas as tecnologias e carga pesada de exercícios, ainda há perda óssea, os astronautas seguem uma dieta rigorosa, com suplementos de cálcio e medicamentos como biofosfonato e citrato de potássio. Os cientistas da NASA estudam novas maneiras para reverter a perda óssea e ideias interessantes podem aparecer nos próximos anos.
Referências:
favor, alterar erros de grafia, como na primeira frase, conSerto é com "S". Segundo, alterar a expressão "homens do espaço" para seres humanos, mulheres também são astronautas! obrigada
ResponderExcluirboa observação.
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