domingo, 15 de agosto de 2010

Genética do Exercício


O exercício físico traz diversos benefícios, como já citamos aqui no blog e também na nossa apresentação do painel, para pacientes de doenças crônicas como diabetes mellitus, obesidade, hipertensão e dislipidemias. No entanto, a resposta de cada um ao exercício é diferente, indicando que fatores genéticos também estão envolvidos nos processos metabólicos decorrentes do exercício.
Estudos na área genética têm possibilitado identificar genes que parecem influenciar fenótipos relacionados com o exercício, sendo que alguns destes genes são do sistema renina-angiotensina (SRA). O SRA é descrito como um eixo endócrino no qual cada componente de uma cascata é produzido por diferentes órgãos, para manter a estabilidade hemodinâmica. Estão identificados no corpo humano dois diferentes tipos de sistemas renina-angiotensina: o circulante, descrito há bastante tempo, e o local, descrito mais recentemente e que parece desempenhar papel importante na homeostase circulatória.

A partir dos anos 1990, começaram a descobrir alguns polimorfismos no SRA, entre eles estão o da enzima conversora de Angiotensina II (ECA), do angiotensinogênio (AGT), entre outros.

Polimorfismo do gene da ECA
O gene da ECA localiza-se no cromossomo 17 o seu polimorfismo corresponde à inserção (alelo I) ou deleção (alelo D) de 287 pb no íntron 16 do gene. Os indivíduos homozigotos DD possuem mais ECA circulante do que os indivíduos de genótipo DI ou II. Esse aumento da concentração de ECA gera uma maior produção de angiotensina II, responsável pelo controle da pressão arterial ao interargir com os receptores de membrana AT1 e AT2. Assim, esse gene está relacionado à pressão arterial sistêmica e à hipertrofia cardíaca.
Os cientistas, então, procuraram associar esse gene ao exercício físico pelo fato da hipertrofia cardíaca ser um fator comum dos dois. Descobriu-se que indivíduos com o genótipo DD desenvolvem maior hipertrofia ventricular decorrente da alta taxa de trabalho cardíaco no exercício “gene–meio ambiente” cuja influência de uma determinada condição ambiental (exercício) só tem impacto na presença de um determinado genótipo (homozigoto DD, no caso).

Polimorfismo do gene AGT
Estudos do gene do angiotensinogênio (AGT) levaram à identificação de uma mutação resultante da substituição de uma timina por uma citosina na posição 704, no exon 2 do gene do AGT13. Essa alteração gênica leva a uma modificação de aminoácidos na estrutura da proteína, caracterizada pela substituição de uma metionina por uma treonina no códon 235. O alelo T está associado a 20% aumento na produção do AGT sérico.
O aumento na concentração plasmática desse peptídeo pode levar à maior formação de angiotensina II, da mesma forma que no polimorfismo do gene da ECA.

Além disso, o polimorfismo do gene da ECA está relacionado com o desmpenho físico, sendo que os indivíduos com genótipo II ou DI, nos testes efetuados na pesquisa, possuíram melhores resultados no desempenho aeróbio e endurance. Além disso, a presença do genótipo II leva a uma maior eficiência mecânica muscular esquelética em humanos. Resultados semelhantes têm sido verificados em ciclistas, montanhistas, remadores olímpicos australianos,olímpicos ingleses e jogadores de futebol homozigotos II para o gene da ECA.


Fonte: http://portalsaudebrasil.com/artigospsb/fisiolog077.pdf





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