terça-feira, 17 de agosto de 2010

Resposta Hormonal ao Exercício

Os hormônios são substâncias que são produzidas em glândulas específicas do corpo (glândulas endócrinas) e atuam sobre outros tecidos ou órgãos do corpo (células alvos) com o objetivo de manter a homeostase corporal. Esses reguladores do metabolismo são divididos em esteróides e não-esteróides. O esteróides são lipossolúveis e, com isso, passam facilmente através da membrana citoplasmática, sendo que seus receptores encontram-se dentro da célula. Os não-esteróides não ultrapassam a membrana, e é nela que encontram-se seus receptores.

Para as diversas situações a que o organismo é submetido, há diferentes respostas hormonais associadas. O exercício físico, sendo uma situação de estresse ao organismo, já que diversas funções e necessidades orgânicas (principalmente energéticas) são alteradas, serve de estímulo para a secreção de determinados hormônios e de fator inibitório para outros. Vamos citar alguns hormônios para melhorar o nosso entendimento metabólico do exercício.


Hormônio do crescimento humano

O hormônio do crescimento humano (GH ou somatotropina) possui liberação controlada por um hormônio hipotalâmico (fator de liberação do GH). Dentre as suas funções, algumas são o aumento de captação de aminoácidos e da síntese protéica pelas células e redução da quebra das proteínas, acentuação da utilização de lipídios e diminuição da utilização de glicose para obtenção de energia, estimulação da reprodução celular (crescimento tecidual) e estimulação do crescimento da cartilagem e do osso.
O GH estimula o fígado a secretar pequenas proteínas chamadas de somatomedinas, ou fatores de crescimento semelhantes à insulina (também IGF-I e IGF-II, de “Insulin -like Growth Factor”). As somatomedinas e o GH atuam em conjunto, acentuando mutuamente seus efeitos .

É sabido que, com o exercício, a liberação de GH é estimulada. Além disso, a quantidade deste hormônio liberada é tanto maior quanto mais intenso for o exercício. O mecanismo pelo qual isso ocorre é que o exercício estimula a produção de opiáceos endógenos, que inibem a produção de somatostatina pelo fígado, um hormônio que reduz a liberação de GH .

O GH é utilizado freqüentemente usado como agente ergogênico exógeno, principalmente entre atletas de modalidades que requerem mais força, como lutadores e os próprios velocistas. Problemas referentes à sua utilização incluem a acromegalia e também casos de morte súbita por parada cardíaca em atletas podendo ainda ter um efeito diabetogênico por estimular as células β das ilhotas de Langerhans a secretar insulina extra.



Hormônio tireóideo

A função do hormônio tireóideo consiste em regular o metabolismo corporal. Esse hormônio também aumenta a síntese protéica e, com isso, a síntese de enzimas, aumenta o tamanho e o número de mitocôndrias na maioria das células, aumenta a atividade contrátil do coração, promove a absorção rápida de glicose pelas células e, por fim, incrementa a glicólise, a gliconeogênese e a mobilização de lipídios, aumentando a disponibilidade de ácidos graxos livres para oxidação como forma de obtenção de energia. O hormônio tireóideo tem papel importante na maturação, estimulando a ossificação endocondral, o crescimento linear do osso e a maturação dos centros ósseos epifisários. Além disso, o T3, especificamente, pode acelerar o crescimento facilitando a síntese e secreção do GH .
Em exercício, a liberação de TSH, que estimula a liberação de hormônio tireóideo, aumenta. No entanto, esse aumento na liberação de hormônio tireóideo não acontece imediatamente depois do aumento da liberação de TSH, pois acontece um atraso. Além disso, durante sessões de exercício submáximas prolongadas, os níveis de T4 permanecem relativamente constantes em aproximadamente 35% a mais do que os níveis de repouso, depois de um pico inicial no começo do exercício, e os níveis de T3 tendem a aumentar .



Glicocorticóides

O cortisol é o mais importante desses hormônios, tem sua liberação influenciada pelo ACTH. Existe muita variabilidade na resposta do cortisol ao exercício em relação ao tipo e intensidade do exercício, nível de treinamento, estado nutricional, entre outros. Pode-se dizer, com mais certeza hoje em dia, que os níveis de cortisol aumentam durante o exercício físico intenso. Em exercícios moderados, no entanto, há ainda muita controvérsia , não sendo possível, por isso, definirmos o papel e alterações nos níveis de cortisol.


Grelina e Leptina


A grelina e a leptina são dois hormônios ligados à obesidade. A grelina atua na regulação do balanço energético a curto prazo e é um estimulante da produção do hormônio GH. A leptina é conhecida como “hormônio da saciedade” e auxilia no aumento do gasto energético. Em situações de exercício físico os níveis de leptina diminuem o que mostra que há também uma gradativa diminuição nas quantidades de células adiposas onde o hormônio é sintetizado.



Glucagon

Sua principal função consiste em aumentar a concentração de glicose no sangue, através da glicogenólise e gliconeogênese hepáticas, por causa disso, ele é denominado o “antagonista da insulina” . A sua secreção é controlada principalmente pelo nível de glicose plasmática do sangue que flui pelo pâncreas. Em situações de jejum ou de exercício, as células alfa são estimuladas, liberando glucagon e imediatamente depois, glicose pelo fígado na corrente sangüínea.
Além dele, contribuem para a elevação da glicose até patamares adequados as catecolaminas e o cortisol. No princípio do exercício, o glucagon é, dentre esses três, o que tem incremento mais rápido, até o 15o. minuto, e depois tende a estabilizar-se . Ainda assim, o mesmo estudo mostrou que, quanto maior a duração do exercício, maior a liberação de glucagon, sendo que em exercícios moderados de curta duração, observa-se uma diminuição nos seus níveis plasmáticos. Apesar de ser claro que os níveis de glucagon aumentam durante o exercício, um estudo demonstrou que o treinamento aeróbico estimula uma liberação mais contínua e com menos oscilações do que aquela ocorrida em indivíduos não-treinados, mas não se descobriu se essa liberação é maior ou menor em um grupo ou em outro , embora os autores demonstrem que, após o treinamento, a liberação de glucagon após o 10o. minuto de exercício é maior do que antes do treinamento.


Insulina

Com efeitos antagônicos aos do glucagon, as concentrações plasmáticas da insulina também são inversamente proporcionais às suas.
Sempre que a insulinemia for alta, os níveis de glucagon serão baixos, e vice-versa. Sua principal função é, portanto, regular o metabolismo da glicose por todos os tecidos, com exceção do cérebro, pelo fato do GLUT 3 não ser dependente desse hormônio. Seus efeitos decorrem do aumento da velocidade de transporte da glicose para dentro das células musculares e do tecido adiposo. Com a captação dessa glicose, se ela não for imediatamente catabolizada como forma de obtenção de energia, gera-se glicogênio nos músculos e triglicerídios no tecido adiposo. Em resumo, o efeito da insulina é hipoglicemiante, ou seja, de baixar a glicemia sangüínea. A insulina normalmente é liberada em ocasiões nas quais existam altos índices de glicose plasmática, como acontece após as refeições.
Como o exercício estimula a liberação de glucagon, e esse hormônio atua de forma antagônica à insulina, esta última tem sua liberação diminuída quando existe trabalho muscular, principalmente como forma de tornar a glicose mais disponível para a atividade. Além disso, as catecolaminas, cuja concentração é aumentada durante o exercício, têm a propriedade de baixar os níveis de insulina. A supressão de insulina é proporcional à intensidade do exercício, sendo que, em exercícios mais prolongados, existe um aumento progressivo na obtenção de energia a partir da mobilização de triglicerídios, decorrente da baixa observada nos níveis de glicose - que foram sendo degradados - e da ação do glucagon, que aumenta .


Endorfina

A endorfina é o hormônio responsável pelo controle da dor e pela sensação de bem estar e é produzido pela hipófise. Sua excreção, em situações de estresse do organismo, como no caso do exercício físico,parece estar envolvida na promoção de um efeito analgésico e também na melhora dos aspectos emocionais.

Pesquisas relatam que em exercícios de baixa intensidade e de resistência, sua concentração não é alterada significativamente. Já nos de alta intensidade, a endorfina tem seus níveis até duplicados no plasma e aumentados no cérebro, agindo sobre o sistema límbico e no lobo pré-frontal, áreas cerebrais responsáveis pelo prazer e pelas emoções.

Dessa forma esse hormônio está relacionado com a euforia sentida pelos atletas após a realização de atividades físicas de alta intensidade e também alguns estudos indicam que está relacionado com o vício pelaprática de exercícios.

Fonte:

http://citrus.uspnet.usp.br/eef/uploads/arquivo/v15%20n2%20artigo3.pdf

http://www.totalsport.com.br/colunas/ricardo/ed2800.htm

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